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sábado, 15 de agosto de 2015

A História da Teia-dos-Sonhos

Teia-dos-sonhos completa com os 4 elementos com aro de fibras, cristal de quartzo gaúcho, concha indo-atlântica, pena de arara-vermelha de Goiás e semente de falso-dendé da Chapada -Diamantina -BA.

Teia-dos-Sonhos, Apanhador dos Sonhos, Filtro dos sonhos; Caçador de Sonhos, Espanta-pesadelos e até Catasonhos! Muitos são os nomes  atribuidos ao Dreancatcher.
Ao longo dos anos confeccionando variados tipos de teias, aprendi muitas histórias relacionadas a este amuleto indígena. É difícil chegar em um consenso pessoal, pois ouço muitos argumentos contundentes relacionados sobre origem e funcionalidade. 
Pesquisando na internet, todos são unânimes ao dizerem que ela nasceu na região norte-americana dos Grandes Lagos pela tribo Obijwe. Para eles, os sonhos e visões existem em um lugar chamado Espírito do Mundo que se ocupa do ar da noite enquanto dormimos e são dotados de muitas energias boas e ruins. Estas energias sabem exatamente para onde irem e são atraídas pelo centro dos dreamcatchers. Ali, as energias ruins como raiva e angústia entre outras do tipo, ficam retidas nos fios que estão ao centro do aro para serem dissolvidas pelos primeiros raios de sol. As boas energias, por sua vez, escorrem pela pena para preencher o ambiente com harmonia e clareza. 
Os Obijwe davam muita importância para as mensagens contidas nos sonhos em suas vidas. Contam que certa vez um velho sábio subiu a montanha em busca de sabedoria e lá encontrou Iktomi, um espírito sábio com forma de aranha que lhe ensinou a fazer o dreamcatcher com fibras de salgueiro-chorão e cabelos de cavalo. A teia simbolizava toda a conexão do universo. "Se você trabalhar com forças boas será guiado na direção certa e entrará em harmonia com a natureza. Do contrário, irá para a perdição que causará dor e infortúnios" - disse-lhe Iktomi.
O velho índio desceu de volta para a tribo e ensinou-a a confecção e o uso. Ele aconselhou que se colocasse a teia sempre perto deos bebês para que eles aprendessem desde cedo a importância da conexão e do Ar que nos ronda (o balançar da pena remeteria ao vento e a respiração). Penas de coruja para trazer sabedoria e de águia para dar coragem.
A Teia dos Sonhos (como aprendi inicialmente a chamar) foi resgatada durante os anos 60 e 70 durante o Movimento de resgate da cultura  nativa norte-americana, como uma forma de união dos povos indígenas de lá e de identidade. Hoje em dia ela virou moda globalizada. Está nos carros, nas tatuagens, nos acampamentos e até no cinema, sendo que o seu significado é ignorado pela maioria das pessoas. 
Normal, conhecimento aprofundado é para quem busca.
O que poucos sabem é que o artefato (aro com a teia dentro) em si já foi encontrado em vários lugares diferentes do mundo como em tribos africanas, sul-americanas, e entre hindus também, fora o que eu não sei. Ou seja, a ideia da conexão e da funcionalidade radiestésica está enraizada no nosso imaginário universal desde o início dos nossos tempos. Pode-se fazer uma analogia com o feng shui , por exemplo, que se vale de formas e cristais para a boa circulação energética em um ambiente.
Muitas são as formas que aprendi ao longo do anos de como confeccionar a Teia. Enquanto alguns dizem que nela temos que colocar elementos de nosso cotidiano como contas de vidro, miçangas ou barba-de-pau, outros são categóricos ao afirmarem que um filtro do sonhos para estar completo tem a obrigatoriedade de conter 4 representantes dos elementos AR (penas, plumas, ossos de aves), TERRA ( ossos de animais terrestres, semente, cascas, frutas ressecadas, flores secas ou o próprio cipó), FOGO (pedras, cristais, rochas) e ÁGUA (conchas, corais, ossos de peixes).
Embora a lenda fale sobre as fibras do salgueiro-chorão, a maioria dos artesãos mais ortodoxos quanto a confecção sejam unânimes quanto ao uso do cipó. Alguns divergem quanto a ter ou não um cristal no meio da teia. Eu particularmente acho que o ar circula melhor sem nada no meio, apesar de que os cristais serem grandes catalizadores energéticos.
Hoje em dia, pelo menos aqui no Brasil, é muito comum vermos em encontros ou celebrações psy-trances os chamados "hippies-gratidões" confeccionarem teias fortemente coloridas e das mais variadas formas entre outros colares-de-redezinha. Também é comum vermos em feiras de artesanatos teias repletas de plumas tingidas. Há um grande descaso quanto ao significado e, em contrapartida, uma grande procura de pessoas interessadas em acreditar em algo que possa deixar suas vidas mais felizes.