Foi um escritor, poeta e filósofo. Suas obras transitaram tanta na língua portuguesa quanto na inglesa.
Durante sua vida adotou outros heterónimos como Alberto Caeiro, álvaro de Campos, Ricardo Reis, Bernardo Soares, etc.
O CEGO E A GUITARRA
O ruído vário da rua
Passa alto por mim que sigo.
Vejo:cada coisa é sua
Ouço: cada som é consigo.
Sou como a praia que invade
Um mar que torna a descer.
Ah, nisto tudo é verdade
Ah, nisto tudo é verdade
É só eu ter que morrer.
Depois de eu cessar, o ruído.
Não, não ajusto nada
Ao meu conceito perdido
Como uma flor na estrada.
Cheguei à janela
Porque ouvi cantar.
é um cego e a guitarra
Que estão a chorar.
Ambos fazem pena,
São uma coisa só
Que anda pelo mundo
A fazer ter dó.
Eu também sou um cego
Cantando na estrada,
A estrada é maior
E não peço nada.