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domingo, 24 de abril de 2022

alicate de bico e arame na mão


 

 

Dizem que um artesão sem alicate é uma pessoa sem mão...


sábado, 23 de abril de 2022

El Libertador - Simón Bolívar

 A primeira vez que li As Veias Abertas da América Latina, de Eduardo Galeano, senti dezenas de sentimentos repulsivos. Um deles foi o de não conhecer a minha própria história enquanto americano. Afinal de contas, sempre amei história (antiga, clássica, medieval, pós-moderna, pré,etc.). Mas não sabia direito o que significava a Patagônia, os Andes, os Rockefellers, a Guerra do Salitre, do Chaco... enfim, se dependesse da escola, só saberia dos três principais povos pré-colombianos. Mesmo a história brasileira é ensinada em suas escolas com uma velada vergonha, como se o modo de vida neolítico dos nossos índios fosse algo indigno de estudo. 

Foi preciso viajar e conhecer de perto os povos e suas culturas e biomas para entender melhor o passado e presente do novo mundo. É por isso que agora posto com muito orgulho esta peça que chamo de El Libertador. Se todo escultor, em algum momento faz um Dom Quixote, um escultor latino americano tem um dever social de criar um El Libertador.



Para entender o caraquense Bolívar, é preciso observar sua história desde criança, quando ainda era uma criança nascida, em 1783, de família aristocrata dona de mineradora e fazendas de algodão e mais de 1200 escravos. Perdeu seu pai aos 3 anos de idade e a mãe, aos 9. A morte sempre permearia seu destino e, então, fora morar com o avô materno, que também veio a falecer levando o jovem Bolívar à tutoria de tios maternos. O jovem Simón recebeu uma educação de alto nível acompanhada de intelectuais como o iluminista Simón Rodríguez e o poeta humanista Andrés Bellos. Aos 14 anos, ingressou no exército (onde se destacou como cadete) e dois anos depois foi viver na Espanha onde foi tutorado pelo importante marquês de Ustáriz, dedicando-se a um aprofundamento de história, matemática, literatura e língua francesa. Em 1802 casou-se com Maria Tereza Rodríguez, mas esta faleceu um ano depois de febre amarela. Nunca mais ele se casaria novamente.
Aos 19 anos, o viúvo Simón Bolívar, agora fazia o papel de fidalgo estouvado agora dedicado a cortejar toda beldade parisiense que visse pela frente com seu espetaculoso chapéu de abas grandes (chapéu-a-bolívar, que firmou moda à época) tal qual um dândi. Um dia, em uma festa, ele conheceu o renomado explorador e naturista barão prussiano chamado Alexander Von Humboldt, que havia recém chegado de uma viagem de 5 anos explorando, rios, florestas e montanhas da América Latina. Relatou para o jovem venezuelano que por onde ia notava o anseio dos chefes crioulos e nativos  em se livrar de uma vez do domínio espanhol. Só o que faltava era alguém que os liderasse.
Agora é importantíssimo entendermos o momento e meio em que estava inserido Simón. Estamos em 1804, Napoleão Bonaparte recém se coroava como imperador da França. As duas margens do atlântico haviam sido sacudidas pelo lado d novo mundo, a Revolução Estadunidense e, pelo lado europeu a Revolução Francesa. O preceptor Simón Rodríguez era um peregrino da liberdade, ávido seguidor de Rousseau e legara a Bolívar o horror a tirania e o amor desmedido à independência. Por todos os lados do Velho e do Novo Mundo, proliferavam jovens rapazes desejosos de tornarem novos "napoleões". Junto com seu preceptor e outro amigo, chamado Francisco Del Toro, os três levaram 11 dias para atravessar os Alpes e fazerem um tour pela Itália. Ali, presenciaram Napoleão tomar a coroa dos Lombardos e se auto-coroar. Bolívar via de perto um homem tomando seu destino nas mãos. O trio, então subiu o Monte Sacro, lugar subversivo onde, em 494 a.C., liderados por Sicino Belluto, o povo pobre de Roma manifestou sua desconformidade com as injúrias que sofria por parte dos patrícios, arrancando deles, com uma longa greve, um conjunto de concessões. Ao cair da tarde Simón Bolívar se ajoelha ante Rodriguez e lhe presta um juramento que guiaria o resto de sua vida, O Juramento de Monte Sacro.


Dali adiante, Bolívar pouco a puco foi se inserindo na luta pela   independência da América espanhola até virar seu principal herói. Cumpriria seu juramento e, ao final da vida, se depararia com as consequências da liberdade. Um povo que não sabia o que fazer com sua liberdade e continuava escravo de seus oligarcas transformando Bolívar em uma figura autoritária, o que aquebrantara seu espírito. Uma lição que podemos entender alguns aspectos lendo livros como As Veias Abertas da América Latina, de Eduardo Galeano e A Elite do Atraso, de Jessé de Souza, que nos ajudam a entender o quanto nossa história pode ser manipulada e reveladora.







sexta-feira, 22 de abril de 2022

sábado, 9 de abril de 2022

Perséfone, a Rainha do Submundo

 Desenho que fiz de Perséfone, Deusa da terra e da agricultura. Está profundamente ligada às estações do ano. Mas, também é conhecida como a Deusa do Submundo (mundo dos mortos) e, por isso, representa a dualidade do material com o espiritual. Trás consigo o arquétipo da feminilidade mística e intuitiva.


Sua história parte de um desafio de Afrodite a seu filho Eros, com suas flechas de ouro que apaixonavam os corações, acertasse o sisudo Deus do submundo, Hades, que também era irmão de Zeus. Este, deixou seu reino para vir a superfície verificar a guerra entre deuses e gigantes que poderia deixar o submundo exposto aos raios solares. Eros aproveitou esta chance para acertar o coração de seu alvo, cumprindo assim seu desafio.

O que ninguém esperava é que ali perto, outro ser imortal deixava seu reino no Olimpo, para colher flores de narcisos em uma pradaria no mundo dos mortais. Foi quando Hades encontrou a filha de Zeus e irmã/amante Deméter (deusa da agricultura). Perséfone, que vivia alegremente ao lado de ninfas e de suas meias irmãs Àrtemis e Atena, agora era raptada para o reino dos mortos através de uma enorme fenda aberta pelo perdidamente apaixonado Hades  a fim de transformá-la em sua esposa.

Ao perceber o sumiço da filha, Deméter foi ficando cada vez mais triste. procurou-a por dias até que Hermes lhe contou tudo o que tinha ocorrido. A deusa ficou tão desolada que passou a se esquecer de suas obrigações e a agricultura deixou de ser fértil e a fome se propagou pela Terra. Zeus intercedeu para evitar o pior e enviou o mensageiro Hermes para negociar a soltura de sua neta. Mas Hades não queria abrir mão de sua bela sobrinha e disse que só a libertaria se esta não tivesse consumido nenhum alimento do submundo. Mas o Senhor do submundo ludibriou Persépolis a comer as sementes do fruto proibido, uma romã.

A solução imposta por Zeus foi que ela passaria um terço do ano no reino espiritual dos mortos cumprindo suas obrigações como esposa de Hades e o resto do ano, livre. Aqui, estabelecemos três estações: o inverno, quando tudo morre e esfria, Deméter se entristece e Persépolis, também; a primavera, quando a vida volta a florescer e a terra se enche de cores e alegria; e o outono quando a vida vai brochando e a deusa da fertilidade tem que voltar pela grande fenda aberta por seu marido que a leva de volta ao submundo. Mas, e quanto ao verão?

Bem, aqui a história dá uma reviravolta e voltamos para o danado do Eros e sua mãe Afrodite.

Acontece que naquele tempo, andava pelas florestas um jovem caçador chamado Adónis, filho de outra relação incestuosa entre o rei Cíniras, de Chipre, e sua filha Mirra. Dotado de enorme beleza, chegou a atrair a atenção até mesmo da deusa do amor, Afrodite o que causou um certo ciúmes da parte de Eros. Sua mãe consolou-o levando até o seio onde sem querer se cortou com a ponta da lança de ouro que lhe despertou um amor avassalador para com o rapaz que caçava pelos bosques. Perdidamente apaixonada, passou a ter um caso ardente com Adónis que não passou despercebido da atenção de seu marido Ares, o deus da guerra, que passou a armar um plano para se vingar daquele ultrajante mortal.

Persépolis, após ter com sua mãe em tempos de liberdade, resolveu passear na Terra e um dia topou com o furor de Afrodite e Adónis em um lindo lago. Escondida, observou os dois de longe, porém, sem perceber que também era observada pelo pequeno Eros. Este resolveu aprontar mais uma da suas diabruras e logo desferiu outra flecha no peito da rainha do submundo. Em segredo ela jurou que um dia Adónis seria dela.

Afrodite, de alguma forma pressentiu que algo poderia se suceder ao seu amado e o fez jurar que não saísse do bosque para caçar novamente. No entanto, Ares colocou em seu caminho um enorme Javali com sangue no olhar, o que ascendeu o espírito de caçador de Adónis. Acabou morto por uma mordida do porco em sua anca. Foi recebido com pompa no mundo dos mortos por Persépolis que  encaminhou direto para sua cama enquanto Hades dormia em outro aposento.

Mistérios de Eleusis
Quando a deusa do amor soube do ocorrido, foi até o reino dos mortos reivindicar a Adónis. Mas Hades e Afrodite riram de sua petulância e a enxotaram dali. Ela apelou pra seu pai, Zeus, interceder, mas ele já estava cheio de ter que lidar com o reino de seu irmão mais rabugento. Triste, indignada e humilhada, a deusa do amor azedou a todas as relações, inclusive a do pai com Hera, que já era extremamente conturbada. Então Zeus fez um novo acordo com o submundo mas, dessa vez, diretamente com Persépolis: Adónis sairia do mundo dos mortos, porém como imortal e pertenceria um terço do ano à ela (que ficaria mais a vontade com o amante, longe dos olhos do marido). Por fim, o período desta ardente paixão corresponde a estação do verão.

 

 Apesar de ser uma Deusa da agricultura e da vegetação, o nome de Persépolis e de Hades era temido de ser dito por muitos gregos. Talvez por conta da desgraça ou por conta do mau agouro em se tratando de morte. Mas, provavelmente, esta deusa fora sincretizada de religiões antigas mais próximas do que poderia ser classificado com paganismo, embora este seja um termo pouco aplicável a Grécia antiga politeísta. O fato é que já existia um culto à ela desde as mais antigas comunidades agrícolas estabelecidas pela Grécia. Talvez daí venha o nome Koré entre os próprios gregos e Prosérpina, entre os romanos. Tal culto estava fortemente ligado à primavera e busca da fertilidade na agricultura. Um dos rituais mais conhecidos era o Mistério de Eleusis, um culto secreto realizado apenas por iniciados.

Além das estações, Persépolis também está ligada intimamente a imaginário feminino podendo suas fases serem comparadas ao ciclo menstrual ou mesmo, à relação do matriarcado ante ao machismo e à introspecção, sendo o momento do inverno entendido como uma a fase de recolhimento com o interior de si mesma.



Neste desenho, escolhi, como referência, a sacerdotisa (pítia) representada no oráculo do filme 300, de Zack Snider. Por seus dons proféticos, as pítias gozavam de raro prestígio num mundo dominado pelos homens na Grécia antiga. Provavelmente, usavam de vapores entorpecentes para entrarem em transe. Adicionei à imagem alguns sutis elementos para compor Persépolis e sua relação com o intuitivo e com a natureza. 





Rosa Egipcíaca e menino Jesus

"Quando não souberes para onde ir, olhas pra trás e saibas de onde veio"

                                                                  provérbio africano



Certas histórias são convenientemente esquecidas. Mas, graças à ousadia de algumas pessoas como o antropólogo, historiador e ativista Luis Mott, ocasionalmente, podemos ser agraciados com o resgate de histórias tidas como vergonhosas para a memoria da sociedade brasileira.

É o caso da história contada no seu livro, Rosa Egipcíaca. Uma Santa Africana no Brasil,  que traz a luz a epopeia da mulher negra do século XVIII de maior volume documental disponível. Como pode ter sido, então, tão ostracizada? Bem, justamente pela sua caminhada.


Nascida em Uidá, localizada na atual República de Benin, em 1719 era mais uma escravizada da nação couranas sob as garras do escravocrata Reino de Daomé (primeiro país a reconhecer a independência do Brasil, em 1822). Vendida aos portugueses, Vera "Courana"caminhou até o entreposto do Castelo da Mina de onde partiu para o Rio de Janeiro com 6 anos de idade. O sujeito que a comprou, estuprou-a aos doze anos de idade e depois a vendeu, aos 14, para a família do Frei de Santa Rita e Mourão em Santa Rita - MG, pra onde vai a pé (e descalça!). Lá ela começa a trabalhar como prostituta no auge da exploração mineira por mais 15 anos. 

Aos 30 anos, aproximadamente, ela tem sua primeira primeira visão na Igreja de São Bento, chegando a desfalecer. Depois, ela contrai uma enfermidade que lhe causa dores terríveis com inchaços que a prostravam ao chão. Por isso, acaba sendo descartada como prostituta. Passa a ter seguidas experiências místicas. Um dia, entrou em uma igreja onde afrontou um padre Capuchinho, o que acarreta em um açoitamento em praça pública por horas, resultando no aleijamento de seu braço direito. Então, é encaminhada ao padre Francisco Gonçalves Lopes, o Xota Diabos (alcunha de exorcista), que vê nas possessões dela, visões divinas. 

Agora, a Courana passa a levar uma vida mais franciscana, vende seus próprios bens como roupas e jóias, amealhadas com a venda de seu corpo, e doa tudo aos pobres. Sua fama de curandeira se espalha por Minas Gerais e chega até o Rio de Janeiro. Muitas pessoas vinham visitá-la e assistir suas possessões e predições. Logo, acaba  por ser sujeitada a um conselho inquisitório de teólogos convocado pelo frei de Mariana, Manoel da Cruz, para avaliar se ela era possuída pelo demônio ou se tinha algum grau de santidade. Resiste à torturas, como ficar por cinco minutos com uma vela acesa na boca tendo que manter que suas visões eram reais. Acaba por ser considerada uma feiticeira e, prestes ao seu julgamento final, foge com o Xota-diabos para o Rio de Janeiro em 1751. 

Passa a se chamar de Rosa Maria Egipcíaca de Vera Cruz (provavelmente uma homenagem à, também ex-prostituta Santa Maria Egipcíaca, que também tinha visões divinas). É na igreja de Nossa Senhora da Lapa que Rosa tem sua mais extraordinária visão a do menino Jesus vindo para ela, que desmaia e se levanta  falando línguas diferentes. Consequentemente sua fama vai crescendo entre os cariocas. Passa a ganhar doações e cria o Recolhimento, um espaço que recolhe prostitutas (a maioria, negras) abandonadas. Ali, começa a produzir biscoito feitos com sua saliva, nunca um cuspe foi tão rentável! Rosa prediz que a cidade sofreria um grande terremoto, tal qual Lisboa, em 1755. Nesse contexto, é importante entender o quão religiosa era a vida naquela cidade latino-americana.

Dez anos depois, já com grande fama e, até, um livro escrito chamado Sagrada Teologia do Amor Divino das Almas Peregrinas, (o mais antigo livro escrito por uma negra na história do Brasil, onde descreve a experiência sensorial de contato com Jesus de quem recebera o título e o encargo de Mãe da Justiça), passa a ter visões cada vez mais delirantes (como ter frequentado a mesma manjedoura de Jesus e ter dado de mamar pra este) Ela própria seria a esposa da Santíssima Trindade, a nova redentora do mundo. Realiza sessões de culto religioso em que se mesclavam elementos do misticismo cristão com práticas afro-brasileiras que beiravam à idolatria, com danças em torno do altar e o uso de pitar cachimbo.

Um dia, afronta uma madame aristocrata e este caso a leva (junto com seu padre-empresário, Xota-diabos) à uma nova inquisição, dessa vez, em Lisboa. Francisco logo declara ter sido enganado pela falsidade da negra e pede por misericórdia, recebendo uma pena branda. Mas Rosa Egipcíaca mantém suas convicções até o fim, que não se sabe qual foi até hoje. pode ter sido queimada, mas o mais provável é que tenha perecido em algum gélido calabouço da Santa Inquisição.







terça-feira, 5 de abril de 2022

Gato e peixe - 1970


Tatuagem autoral





Madame Satã

 A primeira vez que ouvi falar de Madame Satã foi por meu pai. "Eu o vi algumas vezes pela Lapa, no Rio. Ele se vestia de mulher, mas era um sujeito bravo. Quando alguém ia lá tirar um sarro dele, ele dava uma surra. Inclusive, em vários de uma vez. Até a polícia apanhava também."  

De fato, ainda em vida e até hoje, Madame Satã é parte do imaginário popular da boemia carioca. Mas a grande parte de sua vida não foi apenas na Lapa mas, também, trancado em penitenciárias. Por trás de uma história curiosa havia um negro, nordestino e trabalhador chamado João Francisco dos Santos que foi trocado por uma égua aos 7 anos para ser escravizado  em uma fazenda (apesar da lei áurea ter entrado em vigor 19 anos antes), e  se mudou para o Rio de Janeiro aos 8 anos. Aos 13 chega na Lapa. Aquele pivete de rua começou a trabalhar vendendo panos de pratos e panelas de alumínio. Aprendeu a arte da capoeira e passou a trabalhar de segurança e cozinheiro, antes de entrar pro crime. O teatro o afastou por um tempo da boemia. Infelizmente, em 1928, um vigia do boteco onde João parou pra tomar um trago foi tirar uma onda com ele, que buscou uma pistola, voltou ao bar e matou o guarda. Mas este, também era policial e, desde então, passa a ser perseguido pela polícia. E assim começava sua vida marginal de idas e vindas ao cárcere. 

A alcunha de Madame Satã veio após uma detenção dele e dos amigos na saída de um desfile de carnaval. Alguns dias antes João saíra vitorioso com uma fantasia com asas de morcego. no "Concurso das Bichas" Na ocasião o delegado perguntou o nome, mas ele se recusou a dizer, só que acabou send reconhecido como o vencedor do concurso, recebendo assim o apelido que fazia alusão ao filme de Cecil B. de Mille, Madam Satan.

Aprendeu a arte dos Maltas, de jogar capoeira com navalha no pé, com seu primeiro "professor", o cafetão Sete Coroas, um dos malandros mais considerados. Quando este morreu, deixou seus negócios para o João, que também já era um malandro de respeito por seu soco de esquerda. Posteriormente, Madame Satã abre uma casa de abrigo para prostitutas descansarem, mas logo a polícia fecha. 

Apesar de homossexual assumido, João se casou com 34 anos e adotou seis crianças. Foi preso várias vezes, em sua maioria, por descer o cacete na polícia (em especial ,nos delegados). e, aos 76 anos, foi internado como indigente com câncer no pulmão, vindo a falecer dois meses depois. 

É reconhecido por muitos como a primeira ativista preta LGBT do Brasil, além da primeira travesti preta artista do Brasil. 





"Essa mania da polícia chegar, bater e começar a fazer covardia, eu lamentava e pedia a eles pra não fazer isso. Afinal de contas, se o sujeito estiver errado, eles que prendam, botem na cadeia, processe, tá certo. Agora, bater no meio da rua fica ridículo. Afinal, nós somos seres humanos"